No mural onde se reúnem as glórias
Ludovino Rola, Canavarro, Pimenta e António Mota homenageados
Depois do tributo prestado a Vítor Oliveira em 2022, a direção do FC Paços de Ferreira decidiu transformar a lateral da torre da Bancada Central Norte num mural de homenagem a figuras proeminentes da história do clube. Desta forma, a cada ano e por altura do aniversário do “Vasquinho”, serão destacadas algumas individualidades que tanto contribuíram para o sucesso do FC Paços de Ferreira.
No passado sábado, dia 8 de abril, e no âmbito nas comemorações do 73º aniversário do clube, o Mural Pacense eternizou quatro figuras que, já não estando entre nós fisicamente, continuam bem presentes na memória dos adeptos: Ludovino Rola, Canavarro e Pimenta, ex-atletas que brilharam ao serviço do FC Paços de Ferreira entre as décadas de 50 e 70; e António Mota, ex-dirigente e reconhecido pacense.
Este ato simbólico reuniu familiares e amigos dos homenageados, que descerraram as placas ao lado do presidente Paulo Meneses e do presidente da Assembleia Geral, Joaquim Ferreira.
– LUDOVINO ROLA: Adotado pela massa associativa como “filho da terra”, apelidado de “patrão da equipa”, definido nas crónicas da época como “o jogador perfeito”. Ludovino Rola vestiu pela primeira vez a camisola do FC Paços de Ferreira – FC Vasco da Gama àquela altura – a 2 de outubro de 1955, aos 22 anos. Estreou-se com um golo, garantindo o empate em Vila Meã, e abriu o livro para os muitos que se seguiram. Viu o FC Vasco da Gama dar os seus primeiros passos, tornando-se no FC Paços de Ferreira que é hoje respeitado por todos, e sentiu o carinho dos adeptos, atletas, treinadores. Deixou o seu especial contributo em duas subidas e terminou a sua carreira após 15 anos, em 1970, com a orientação da equipa.
– CANAVARRO: Àquela época, para muitos dos pacenses que acompanhavam a equipa, Canavarro era considerado o “melhor avançado que algum dia vestiu a camisola do clube”. Chegou ainda jovem, desconhecido, em 1968/1969. O Paços tinha subido à primeira divisão regional na temporada anterior e a expetativa para a que chegava era grande – sendo Canavarro uma das apostas. Ao primeiro jogo, tirou todas as dúvidas que pudesse haver sobre a sua qualidade, e muitos encontros resolveu desde então. Com Pimenta e Mascarenhas, formou uma das mais memoráveis frentes de ataque do FC Paços de Ferreira, e o seu nome está ligado a alguns dos maiores feitos do clube. Canavarro foi campeão da I Divisão Regional e campeão da III Divisão Nacional.
– PIMENTA: Foi a 16 de outubro de 1966 que se estreou com a camisola do FC Paços de Ferreira. Um cronista da época, definiu-o como “um moço forte, voluntarioso e que pratica bom futebol” – e essa é talvez a definição mais certeira daquilo que foi a sua carreira. Chegou ao Paços com idade de júnior, mas entrou diretamente para a equipa sénior. As suas qualidades não deixavam margem para enganos e a pujança física fazia de Pimenta uma verdadeira força da natureza – não é por acaso que não lhe faltam títulos no palmarés: Campeão da II Divisão Regional, Campeão da I Divisão Regional e Campeão da III Divisão Nacional. Ao longo da sua carreira, sempre foi fiel ao seu Paços, e mesmo quando a ligação clube-atleta terminou, não aceitou nenhum dos vários convites que lhe surgiram para jogar noutras paragens.
– ANTÓNIO MOTA: Personificou na perfeição a paixão de servir o FC Paços de Ferreira desprovida de qualquer outro tipo de interesse. António Mota foi dirigente do clube ao longo de várias décadas, dedicando-se ao emblema pacense com seriedade e notável entrega, com o único propósito de o ver crescer e tornar-se melhor. Esse espírito de união não deixava ninguém indiferente – assim como as rojoadas com que brindava o plantel a cada dez pontos conquistados, e que chegaram a ser relembradas por Ricardo Esteves, numa entrevista ao Tribuna Expresso de 29 de dezembro de 2018: “Recordo-me do meu primeiro treino no Paços de Ferreira, no final do treino havia uma mesa em frente ao balneário, cheia de pães com chouriço, sumos, vinho, rojões, acho que era um senhor que de “x” em “x” tempo levava um tacho de rojões para os jogadores comerem. (…) Aquilo era uma família, era um clube pequeno, muito humilde, mas onde toda a gente se dava bem.”
[Artigo com excertos do livro FC Paços de Ferreira – 50 anos de história.]
