A origem do futebol em Paços de Ferreira remonta à década de 30, quando a modalidade começou a ser praticada pelo Sport Club Pacense, colectividade sediada em Meixomil, uma das freguesias do concelho.
Foram duas décadas de futebol popular e sem expressão oficial, até que uma reorganização competitiva e o aparecimento do velho Campo da Cavada, motivou a fundação – em 5 de Abril de 1950 – do Futebol Clube Vasco da Gama, colectividade que está na génese do actual F. C. Paços de Ferreira, designação que o Clube passou a utilizar no começo da temporada 1961/62. Foram questões de ordem estatutária a motivar esta mudança, que coincidiu também com a troca do seu equipamento amarelo para um idêntico ao utilizado pelo F. C. Porto. O primeiro título nacional conseguido foi o da 3ª Divisão, a 14 de Julho de 1974, quando os pacenses invadiram o Estádio Municipal de Leiria e deram o impulso decisivo para a vitória (2-1) sobre o Estrela de Portalegre.
A 15 de Março de 1981, os sócios decidiram mudar as cores oficiais do equipamento que o clube utilizava, que passaram a ser as do concelho – amarelo e verde, mas o sonho há tanto perseguido da subida à 1ª Divisão Nacional apenas se tornou realidade no final da época 1990/91, quando de forma surpreendente o F. C. Paços de Ferreira se tornou no 1º Campeão do estreante campeonato nacional da Divisão de Honra. E foi com orgulho que durante três temporadas os pacenses jogaram de igual-para-igual com os «grandes» Benfica, F.C.Porto e Sporting. Essa alegria terminou em 1993/94 quando, pela primeira vez em 44 anos de história, o clube conheceu o sabor amargo da descida de divisão.
Um sentimento que seria ultrapassado seis anos mais tarde, na temporada 1999/2000, quando uma recuperação notável no campeonato da II Liga terminou em glória com o título nacional na última jornada da prova. Uma alegria extravagante acompanhou a equipa no decisivo encontro de Chaves e, mais uma vez, os adeptos ajudaram a equipa a fazer história.
Em 2000/2001, de novo do escalão máximo do futebol, o F. C. Paços de Ferreira fez um excelente campeonato e, justamente, afirmou-se como a equipa-sensação da competição, onde conseguiu vencer os três «grandes». Uma prestação que se repetiu nas duas épocas seguintes, onde conseguiu sempre melhorar os lugares alcançados na agora denominada SuperLiga.
Em 2002/2003 o Clube alcançou um honroso 6º lugar no campeonato e duplicou esse feito inédito, ao atingir as meias-finais da Taça de Portugal, ficando apenas arredado da final por ter perdido por 1-0 na Marinha Grande, frente à União de Leiria.
Despromovido à Liga de Honra no final da época 2003/2004, o Clube soube contornar esse momento menos feliz da sua história e rapidamente preparou o regresso ao campeonato principal do futebol português. Em 2004/2005 o FC Paços de Ferreira realizou uma notável campanha na Liga de Honra, que lhe garantiu a inédita subida a cinco jornadas do final da prova.
A marcante presença do FC Paços de Ferreira na I Liga continuou nas três épocas seguintes e teve o seu ponto alto com o 6º lugar alcançado na temporada 2006/07, que garantiu ao Clube uma histórica qualificação para a Taça UEFA. A estreia europeia do FC Paços de Ferreira teve lugar a 20 de Setembro de 2007, ao receber o AZ Alkmaar (HOL) no Estádio do Bessa, consentindo uma inglória e injusta derrota (0-1) perante um grande ambiente de fervoroso clubismo. No jogo da 2ª mão, na Holanda, os Castores voltaram a exibir-se em bom nível e o 0-0 manteve a expectativa até final sobre a eliminatória, neste marcante momento para o Clube.
A época 2008/09 ficará para sempre gravada na história no Clube, pois, para além de um tranquilo 10º lugar no campeonato, o Clube alcançou a sonhada presença na Final da Taça de Portugal. A festa teve lugar a 31 de Maio de 2009, no Jamor. O FC Paços de Ferreira perdeu a final por 1-0 frente ao FC Porto, mas bateu-se galhardamente pelo Troféu, apoiado por dez mil adeptos que pintaram de amarelo o Estádio Nacional.
A presença na final da Taça de Portugal permitiu ao FC Paços de Ferreira disputar a Supertaça, frente ao FC Porto (derrota por 2-0) e regressar às competições europeias de futebol, em 2009/10. Os Castores foram a primeira equipa portuguesa a disputar a nova Liga Europa, na qual se estrearam empatando na Moldávia (0-0) frente ao Zimbru Chisinau, equipa que derrotaram (1-0) em Guimarães, conseguindo passar pela primeira vez uma eliminatória europeia. A queda na ronda seguinte frente ao Bnei Yehuda (Israel) não tirou mérito a este novo feito.
A temporada 2010/11 voltou a ser brilhante para o FC Paços de Ferreira. Para além do 7º lugar no campeonato, atingiu a final da Taça da Liga, uma das competições mais importantes do calendário nacional. A equipa pacense defrontou o SL Benfica num grande ambiente festivo que emoldurou o Estádio de Coimbra e, apesar da derrota (2-1), creditou com orgulho mais uma final na sua história.
Mas o melhor estava reservado para a época 2013/2014, quando os Castores conseguiram o incrível feito de atingir a qualificação para a UEFA Champions League após terminarem a Liga num espetacular 3.º lugar, tendo nessa época apenas perdido jogos contra o FC Porto e o SL Benfica. Milhares de pacenses invadiram as ruas da cidade, festejando o maior feito do clube, até à data. Apesar de eliminados pelo Zenit S. Petersburgo, os Castores tocaram o Olimpo por mérito próprio!
Desde então seguiram-se três momentos marcantes para a história do clube: a dolorosa descida de 2017/2018; o título de campeão da Liga 2 de 2018/2019 e a fantástica campanha de 2020/2021 que culminou com o 5.º lugar e nova qualificação para provas europeias, desta feita para a UEFA Conference League.
Apesar de ter sido a sua quarta qualificação para provas da UEFA, foi a primeira vez que o Paços jogou na sua casa os jogos europeus. A visita dos norte-irlandeses do Larne FC é pois, um momento impar e histórico na vida do clube. O jogo ficou marcado por uma vitória por 4-0 e permitiu aos Castores avançar para a fase seguinte onde assinaram mais uma página dourada da história do clube: a vitória sobre o Tottenham Hotspurs (1-0).
Em 2022/2023 o FC Paços de Ferreira irá #DefenderOAmarelo pela 24.ª vez no principal escalão do futebol português.
O dia cinco de Abril de 1950 marcou o despertar oficial do F. C. Paços de Ferreira. Nasceu com a designação de Vasco da Gama, prenúncio das grandes epopeias e aventuras desportivas para o qual estava fadado.
E os marinheiros da nau pacense souberam desde o início da epopeia mostrar-se briosos timoneiros do emblema que transportavam ao peito. Após vários anos a jogar à bola, os dirigentes da secção de futebol do Agrupamento de Escuteiros entenderam que era tempo de o levarem mais a sério.
Os primeiros passos foram dados com a filiação do clube na Associação de Futebol do Porto e a construção do campo da Cavada. Seguiu-se a inscrição no Campeonato Regional de 1950/51. A estreia ocorreu a 19 de Novembro de 1950, com um triunfo no campo do Tapada (Lousada).
Estava concretizado o sonho dos jovens pacenses e dos adeptos desejosos de terem um grande clube no concelho de Paços de Ferreira. O primeiro herói da equipa foi Agostinho Alves, que marcou o golo da vitória (2-1) em Lousada. Era o tempo do amadorismo sacrificado, da paixão pela bola, da rivalidade entre as terras.
O jovem «Vasco da Gama» esteve intimamente ligado ao Boavista F. C., que lhe cedeu os primeiros reforços “de fora” e mais tarde o ajudou com a oferta do equipamento alternativo. Aliás, desde início que o Campo da Cavada recebeu os «grandes» Boavista e F. C. Porto em encontros particulares, o que atesta das boas relações e respeito que o jovem clube granjeou na região.
Ultrapassada a fase da inexperiência, bem cedo os vascaínos começaram a cometer as suas proezas desportivas. A primeira em Janeiro de 1953, com o «Vasco» a alcançar uma espectacular vitória no campo do poderoso Amarante. Nessa mesma época, a vitória final sobre o Penafiel (2-1) garantiu o título de série da III Divisão Regional. Um prémio saboroso, mas que não chegou para a subida de divisão na fase final.
O momento alto da década de 50 ocorreu a 10 de Julho de 1957, quando após uma maratona de seis horas e meia de futebol – frente ao Sp. Cruz – os pacenses alcançaram a subida à II Divisão Regional.
Não foram nada fáceis os primeiros anos da década de sessenta para o F. C. Vasco da Gama. O clube apostou definitivamente nos jovens formados na sua equipa júnior e dispensou os atletas em final de carreira, que tinham sido a base das últimas épocas de 50. A equipa passou a contar com atletas muito jovens, que ainda por cima foram lançados na fase de transição do «Vasco» para F. C. Paços de Ferreira. Por tudo isto, em 1962/63 o clube esteve quase a cair na III divisão regional. Um oportuno alargamento evitou a descida de divisão e despertou a consciência pacense para a necessidade de solidificar a colectividade mais representativa do concelho. O primeiro passo tinha sido dado um ano antes, com a alteração do nome Futebol Clube Vasco da Gama para Futebol Clube de Paços de Ferreira. A colectividade adquiriu identidade própria e preparou-se para os desafios futuros.
Para além do nome, um dos frutos mais evidentes da mudança estatutária foi a alteração da cor do equipamento oficial. Por iniciativa de Faustino da Tulha, a equipa terminou a ligação afectiva ao Boavista F. C. e filiou-se no F. C. Porto. A consequência mais visível foi o desaparecimento do primitivo equipamento – camisola amarela, calções azuis e meias amarelas com riscas azuis – para surgir um idêntico ao novo clube de adopção – camisola com listas azuis e brancas, calções azuis e meias brancas. Assim passou a equipar o F. C. Paços de Ferreira em 1963/64 e assim se manteve durante dezoito anos.
O aparecimento do jovem Pimenta, em 1966/67, trouxe um novo impulso ao adeptos pacenses, que viram a equipa ser reforçada na época seguinte com o objectivo de chegar à I Divisão Regional. Um objectivo plenamente alcançado e coroado com o título regional da II divisão, a 16 de Junho de 1968.
O futebol ganhou novas paixões e adivinhava-se que os anos setenta seriam cobertos de glória para o clube. Se o final da década assinalou o despertar das “estrelas” Pimenta e Canavarro, também marcou a despedida de Ludovino Rola, após 15 anos de grandes prestações em prol do clube do seu coração.
O F. C. Paços de Ferreira estava definitivamente fadado para ser um grande clube e a década de setenta veio provar isso mesmo. O clube estava preparado para se afirmar a uma dimensão nacional e atingiu esse estatuto logo na primeira metade da década.
O primeiro sinal de que o Paços de Ferreira extravasava as simples dimensões regionais foi dado a 3 de Abril de 1972, com a realização, no campo da Cavada, do primeiro encontro internacional da sua história. Os pacenses golearam os espanhóis de Porriño por 6-1 e demonstraram que estava em formação uma equipa de campeões. A temporada 1972/73 confirmou essa ascensão e foi sem surpresa que o clube atingiu o título regional da I divisão. Aos consagrados que o plantel já possuía, tinham-se juntado nessa temporada Mascarenhas e João Morais, duas velhas glórias do Sporting e que passearam o perfume do seu futebol pelos campos do regional. A caravana festiva que trouxe a equipa de Gondomar até à sede da Vila deixou transparecer a paixão que os adeptos pacenses nutriam pelo seu clube. A “onda pacense” estava em movimento e novos feitos se adivinhavam.
Embalados pelo valor dos seus atletas e pela estreia do novo estádio da Mata Real, os adeptos do F. C. Paços de Ferreira aguardaram com ansiedade o início da época 1973/74. A expectativa foi plenamente correspondida e campeões como: Filipe, Pinho, Rómulo, Freitas, Dias, Canavarro, Pimenta, Mascarenhas, Chaves, Lima, Carlos Alves, Malheiro e Canhoto só descansaram da sua cruzada, quando garantiram o título nacional da III Divisão. A partida final em Leiria, frente ao Estrela de Portalegre, foi uma das mais belas páginas da história do clube e marcou definitivamente os anos setenta.
E não foi por falta de ambição que o clube não atingiu o escalão máximo do futebol nacional. Talvez fosse exigir demasiado a um clube ainda em fase de afirmação, embora em 1976/77 tenha sido por um fio que tal feito não foi conseguido. Uma mágoa que não beliscou o quanto de bom foi proporcionado aos adeptos que assistiam, então, ao crescimento de valores como; Brandão, Juvenal, Malheiro e Jorge.
A eufórica década de setenta já terminou num certo conformismo do clube com o seu estatuto de secundário. A primeira divisão não estivera longe, mas não fora alcançada e os adeptos começavam a acreditar que o F. C. Paços de Ferreira a mais não podia aspirar do que à segunda divisão nacional.
Foi para contrariar este fatalismo que os novos dirigentes tomaram conta da colectividade. O Dr. Moreira Lobo assumiu a presidência e contratou Ferreirinha para treinar a equipa. O clube estava em mudança e do equipamento azul e branco passou ao actual amarelo e verde, alteração que provocou uma momentânea cisão entre notáveis da colectividade. Ultrapassada a questão, a equipa lançou-se à conquista dos lugares cimeiros do campeonato, mas a sina continuava a ditar que o F. C. Paços de Ferreira estava condenado a “morrer à beira da praia”. Em várias ocasiões a equipa chegou às portas da subida e da «liguilha», mas falhou o passo decisivo para lá chegar. Pelo meio houve a inauguração do relvado da Mata Real, no primeiro confronto oficial com o S. L. Benfica. Foi em Janeiro de 1983 e os encarnados triunfaram por 5-1, em jogo da Taça de Portugal.
Para a história entraram também os jogos de 1983/84 com a Sanjoanense, onde os pacenses perderam por 0-7 e 6-0. Foi o final da era Ferreirinha e o início de uma nova fase no clube. Que até começou bem, pois a 2 de Junho de 1985 o F. C. Paços de Ferreira «invadiu» Barcelos, com a fundada esperança de subir de divisão. Acabou por trazer a mágoa de nova frustração, pois o empate a zero nem para disputar a «liguilha» chegou. Foi a desilusão total entre os adeptos e que teve como consequência mais adversa a descida de divisão duas temporadas depois. Uma descida em campo que foi ultrapassada na secretaria. O clube tinha batido no fundo e era necessário levantá-lo até à dignidade merecida. A revolução começou com a entrada de Ângelo Rodrigo para a presidência da colectividade e com a chegada do treinador Vítor Oliveira, em Novembro de 1988. Na primeira temporada conseguiram levar o clube até ao 8.º lugar do campeonato e na segunda época atingiram o apuramento para a Divisão de Honra.
A qualificação para a Divisão de Honra foi o primeiro sinal de que o Paços de Ferreira estava em transformação e a promessa de poder ascender ao grupo dos melhores, durante esta década.
O trabalho encetado em finais de oitenta por Vítor Oliveira começou a dar frutos e uma “verdadeira” equipa estava formada. No entanto, não deixou de surpreender os adeptos do futebol a forma como – chegou viu e venceu – o primeiro campeonato nacional da Divisão de Honra. O sonho de duas décadas tornou-se realidade em 1990/91, para gáudio dos seus adeptos. E durante três épocas o F. C. Paços de Ferreira prestigiou a “Capital do Móvel” nos quatro cantos do país e do mundo, fazendo honrosos campeonatos. Para além de boas exibições, a equipa pacense ainda se pode vangloriar de ter pontuado com os três “grandes”. Venceu o Sporting na Mata Real (1-0 em 1991/92), empatou com o Benfica (1-1 em 1991/92) e empatou no Estádio das Antas (0-0 em 1993/94).
A temporada de 1993/94 marcou também a única descida que o clube conheceu na sua história de até então. A despromoção iniciou uma fase difícil da colectividade, que se viu a braços com o pagamento de milhares de contos de indemnização a outros clubes, devido a uma polémica Lei de Transferências. O clube ressentiu-se no capítulo desportivo e andou arredado da luta pela subida, mas nunca deixou de ser dos mais respeitados do escalão secundário.
As poucos foi-se levantando das cinzas e, quando a situação financeira ficou controlada, os novos dirigentes voltaram a estabelecer a 1.ª divisão como meta prioritária. Durante esta década o clube foi apetrechado com infra-estruturas que lhe permite ombrear com muitas das equipas do primeiro escalão; a Mata Real foi melhorada, o estádio dotado de iluminação artificial para transmissões televisivas, foi construído um relvado secundário e coberta a bancada norte.
Passada a crise de meados da década, o F. C. Paços de Ferreira lançou-se na reconquista do lugar merecido no futebol nacional. A subida de divisão foi definida como objectivo primordial para 1999/2000 e uma histórica recuperação encetada por José Mota e seus atletas, realizou o sonho.
A festa de Chaves, foi o sinal da grandiosidade do F. C. Paços de Ferreira.
Após cinquenta anos de crescimento gradual e sustentado, o FC Paços de Ferreira atingiu na última década o elevado patamar de clube com dimensão nacional e europeia.
Os ecos da gloriosa subida à I Liga em 1999/2000 tiveram reflexos na temporada seguinte, com o FC Paços de Ferreira a espantar o país futebolístico; um estilo de jogo ofensivo, vibrante e de grande qualidade, rendeu-lhe alguns dos mais emblemáticos êxitos obtidos até hoje na I Liga. Numa só temporada conseguiu ganhar aos “três grandes”, derrotando o Sporting em Alvalade (1-3), o Benfica na Luz (2-3) e o FC Porto na Mata Real (1-0), com o avançado Rafael a fazer 17 golos e a alcançar o 3º lugar na lista dos melhores marcadores do campeonato. O 8º lugar na prova soube a muito pouco para a grande qualidade demonstrada pela equipa.
Em 2001/02 o Clube repetiu o 8º lugar na classificação, tendo ganho ao Benfica na Mata Real (2-1) e aplicado a maior goleada de sempre na I Liga, ao bater em «casa» o Salgueiros, por 6-0. Prosseguindo o seu caminho de afirmação no Campeonato principal, o FC Paços de Ferreira alcançou em 2002/03 um brilhante 6º lugar, prova então com 18 equipas, voltando a repetir êxitos perante clubes de grande dimensão; derrotou na Mata Real o FC Porto, por 1-0, e também aí construiu um dos resultados mais retumbantes da sua história, ao golear o Sporting por 4-0, em noite mágica do avançado Mauro, que à sua conta apontou três golos. A época só não teve um final idílico, porque a equipa foi dramaticamente afastada da final da Taça de Portugal ao perder na meia-final em Leiria, por 1-0. Um golo de Bilro no último minuto do jogo deixou lavada em lágrimas uma equipa que merecia ter ido ao Jamor. Talvez reflexo dessa desilusão, a temporada seguinte foi a menos feliz da década, acabando por ditar uma descida à II Liga. Um arranque infeliz na prova, sem o histórico treinador José Mota que regressou à 9ª jornada quando o Clube era último classificado com apenas 3 pontos, traçou o destino da equipa, que não mais conseguiu sair da zona de despromoção.
Longe de se deixar abater pelo infortúnio, a nação pacense uniu-se e traçou como único objectivo para 2004/05 ser campeã da II Liga e regressar ao palco principal do futebol. E se bem o quis, melhor o fez. Patenteando uma regularidade assinalável, a equipa passeou classe pela prova secundária e garantiu atempadamente a subida e o 3º título nacional do escalão, voltando a colorir de amarelo as ruas da cidade. Um festejo merecido e que catapultou o Clube para nova presença na I Liga, sem deixar adivinhar os gloriosos anos que marcariam a segunda metade da década.
A tarefa em 2005/06 não se afigurava fácil, porque o campeonato seria reduzido para 16 equipas e isso implicaria que quatro fossem relegadas para a II Liga no final da época. E o dramatismo esteve presente até à derradeira jornada da prova. Os Castores viram-se obrigados a vencer o Benfica, na Mata Real, para não regressar ao escalão secundário. Uma responsabilidade imensa, digna de verdadeiros guerreiros que souberam encarar o desafio com sangue, suor e, por fim, lágrimas de alegria pelo feito alcançado. Um golo de Edson e dois de Júnior ditaram o triunfo pacense (3-1) sobre o Benfica e a consequente manutenção, para êxtase da família pacense. Foi o primeiro passo para uma nova era gloriosa. A época seguinte (2006/07) consagraria o FC Paços de Ferreira na sua dimensão europeia. O empate em Aveiro na derradeira jornada da competição permitiu aos Castores garantirem o 6º lugar na Liga e o feito inédito de apurar a equipa para a edição seguinte da Taça UEFA. A festa voltava à cidade, perante tão exultante êxito do seu mais ilustre representante.
O ambiente do Estádio do Bessa a 20 de Setembro de 2007, na estreia europeia do Clube perante o AZ Alkmaar (Holanda), foi um dos mais emocionantes alguma vez vivido pelo FC Paços de Ferreira. Cerca de 10 mil adeptos apoiaram constantemente a equipa, que não merecia a derrota sofrida no último minuto e, por isso, saiu de campo aplaudida de pé pelo brilhante desempenho frente à equipa de Louis Van Gaal. O resto da temporada não foi tão positivo e o anúncio da descida do Boavista (por tentativa de corrupção), antes da última jornada do campeonato acabou por livrar a equipa da descida. O que até poderia ter acontecido em campo, não tivesse sofrido mais uma vez um golo no último minuto (1-1) em Leiria… quando estava a vencer e com a manutenção garantida.
Passado esse “susto”, nova onda vitoriosa chegou à Mata Real. A época 2008/09 ficará para sempre como palco do ponto mais alto da história no Clube, pois, para além de um tranquilo 10º lugar no campeonato, o Clube alcançou a sonhada presença na Final da Taça de Portugal. A meia-final disputada com o Nacional da Madeira foi emocionante. Após um empate 2-2 na Mata Real, o favoritismo estava do lado da equipa madeirense. No entanto, a 22 de Abril de 2009, a equipa treinada por Paulo Sérgio realizou um grande jogo na Madeira e venceu por 3-2. Rui Miguel e Pedrinha, por duas vezes, marcaram os golos da consagração pacense, sendo o último e decisivo apontado pelo «capitão» sobre o final da partida. Uma festa enorme recebeu no dia seguinte a comitiva no Aeroporto Sá Carneiro, acompanhando os heróis em cortejo até à Mata Real. Foi o prenúncio da grande festa marcada para 31 de Maio de 2009, no Jamor. O FC Paços de Ferreira perdeu a final por 1-0 frente ao FC Porto, mas bateu-se galhardamente por outro resultado. Para a memória colectiva ficará para sempre a enorme mancha amarela com que dez mil adeptos pacenses pintaram o Estádio Nacional, fazendo dessa festa o ponto mais alto da história do Clube. A presença na final da Taça de Portugal permitiu ao FC Paços de Ferreira disputar a Supertaça, frente ao FC Porto (derrota por 2-0) e regressar às competições europeias de futebol, em 2009/10. Os Castores foram a primeira equipa portuguesa a disputar a nova Liga Europa, na qual se estrearam empatando na Moldávia (0-0) frente ao Zimbru Chisinau, equipa que derrotaram (1-0) em Guimarães, conseguindo passar pela primeira vez uma eliminatória europeia. A queda na ronda seguinte frente ao Bnei Yehuda (Israel) não tirou mérito a este novo feito, dando-lhe dimensão europeia a caminho do 60º aniversário. A temporada tranquila que a equipa acabou por realizar, ainda fez o conjunto orientado por Ulisses Morais sonhar com nova presença na Liga Europa, mas o importante estava feito com tempo e classe.
A temporada 2010/11 voltou a ser marcante para a história do Clube, pois o FC Paços de Ferreira para além de ter alcançado um tranquilo 7º lugar no campeonato, atingiu a final da Taça da Liga, uma das competições mais importantes do calendário nacional. A equipa pacense defrontou o SL Benfica num grande ambiente festivo que emoldurou o Estádio de Coimbra e, apesar da derrota (2-1), voltou a demonstrar um excelente desempenho desportivo, dignificando a sua presença em mais uma final na sua história.
Mas o ponto mais alto da história do clube, até ao momento, seria confirmado a 7 de maio de 2013, em Coimbra. Contra todas as probabilidades, os comandados de Paulo Fonseca conquistaram um incrível 3.º lugar que garantiu acesso ao playoff da UEFA Champions League. Uma época a todos os níveis notável que culminou com uma gigantesca festa no centro da cidade de Paços de Ferreira. Meses depois, o sorteio ditava um confronto com os milionários russos do Zenit S. Petersburgo que venceram o Paços nos dois realizados (1-4 e 4-2) relegando a nossa equipa para a Liga Europa onde defrontaria Fiorentina, Dnipro e Pandurii. Este feito representou também um encaixe financeiro significativo que permitiu ao clube dar início ao processo de modernização da Mata Real. As “velhinhas” Central e Lateral Curva, deram lugar a uma nova bancada e o relvado foi reposicionado. Mais tarde nasceu a nova bancada Nascente.
Nos anos seguintes o Paços quase conseguiu a qualificação europeia por mais duas vezes: em 2014/2015 (Paulo Fonseca) e 2015/2016 (Jorge Simão). Em ambas as épocas o Paços ficou a 1 ponto de nova qualificação europeia. Estas duas temporadas ficaram também marcadas pela afirmação no futebol profissional de um dos melhores jogadores que saíram da formação dos pacenses: Diogo Jota. O jovem avançado teve uma época de 2015/2016 fantástica e acabou por rumar ao Atlético de Madrid. Atualmente é uma das figuras de proa do Liverpool e mantém a sua ligação ao Paços através da parceria com a nossa equipa de E-sports.
Contudo a década não terminaria sem mais dois momentos marcantes: a descida de 2017/2018 e o título de campeão nacional da Liga 2 de 2018/2019 sob o comando do mítico Vitor Oliveira. Felizmente, o Paços foi capaz de responder da melhor maneira à descida de divisão subindo na temporada seguinte de forma confortável.
Qual Fenix renascida, o Paços regressou à Primeira Liga para ficar e… encantar. Na primeira temporada desta década, os Castores não fizeram por menos e, sob o comando de Pepa, garantiram o 5.º lugar e a quarta qualificação europeia da sua história. Embora na menos mediática das 3 provas de clubes da UEFA, a participação na UEFA Conference League trouxe pela primeira vez o futebol europeu à nossa cidade. Coube ao Larne FC (Irlanda do Norte) o papel de padrinho do primeiro jogo UEFA oficial no Estádio Capital do Móvel (vitória do Paços 4-0). Contudo, será o segundo jogo UEFA ali realizado que não sairá da memória dos pacenses. Frente ao todo poderoso Tottenham Hotspurs (Inglaterra), um golo de Lucas Silva deixou em delírio os pacenses garantindo a vitória mais mediática do Paços até à data.
Mas esta história ainda não terminou e certamente não faltarão motivos em breve para acrescentar mais parágrafos a esta página.
Viva o FC Paços de Ferreira.